08 dezembro 2007

Joe, razão de ser do Cefet

Roberto Moraes Pessanha
Professor do Cefet Campos
e-mail:
moraes.rol@terra.com.br

O recorde de 16.276 candidatos, este ano, aos cursos técnicos do Cefet mostra, a corrida ao diferencial na disputa do mercado de trabalho que se expande a nível nacional e regional. Projetos de infra-estrutura e industriais no interior do nosso estado estão levando, não só os jovens, mas também os adultos, novamente às salas de aula e laboratórios atrás de conhecimento e certificação.

Além do ensino médio e técnico, o Cefet hoje tem mais de doze graduações ofertadas na sede ou nas Uneds de Macaé e Guarus, ou ainda nas unidades avançadas, de Arraial do Cabo, Quissamã e São João da Barra, enquanto as Uneds de Cabo Frio e Itaperuna são estruturadas.

O Cefet é hoje, na prática, em termos de concepção, um instituto com ofertas de formação não só tecnológica, como também humanística, nas licenciaturas e duas das quatro pós-graduações. O primeiro mestrado também inova com a interdisciplinaridade da engenharia ambiental.

A verticalização da formação não se deu, apenas para cima. Com a educação de jovens e adultos, o Cefet também atua na alfabetização, na qualificação e re-qualificação profissional e ainda em cursos técnicos com estrutura exclusiva para este segmento. No todo mais de doze mil alunos.

Institutos semelhantes existem funcionando em países com grande capacidade de investimentos, como o Canadá e a maioria dos países europeus. A inovação aqui é a capacidade de incluir segmentos da população que têm no estudo, a única possibilidade de ascensão social.

Um exemplo é a história de José Antônio Pinheiro Lima, o nosso Joe. Há seis anos Joe saiu da região Imbé. Andava a pé, mais de dez quilômetros para, diariamente, pegar ônibus e vir aqui estudar. Depois encontrou apoio de alunos amigos para aqui ficar durante a semana. Foi bolsista, perdeu os pais, repetiu uma série e quase desistiu quando viu, que não poderia dar o orgulho de sua formação aos pais. Ralou seis anos seguidos, fez mais de um curso, aproveitou oportunidades de cursos extras e há duas semanas foi contratado com salário de R$ 5 mil, além de apoio para continuar seus estudos em nível superior. O orgulho que Joe não pôde dar aos pais, ele gosta de passar para outros alunos, que com dificuldades idênticas, ameaçam desistir.

Joe fez questão de me procurar e dizer: “professor, o Cefet me deu as oportunidades e eu lutei muito para aproveitá-las. Acreditei e segui em frente. Agora estou feliz e vou prosseguir”. Mais satisfeito que Joe, concluí que o Cefet cumpre seu papel exemplarmente quando Joe passa a ser, não apenas um profissional qualificado, mas um cidadão consciente de seu dever na sociedade.

PS.: Publicado na Folha da Manhã em 7 de dezembro de 2007.